sexta-feira, 24 de setembro de 2010

* desculpa a demora, tava sem inspiração :(



-O que aconteceu, amor? – ele perguntou preocupado.
Eu não sabia o que dizer. Se tivesse alguma faca, ou arma na minha mão, eu me mataria. O que eu falo pra ele agora?
-O que tá acontecendo?
-Ai Felipe, eu não sei o que te dizer... – falei entre soluços.
-Diga! – ele insistiu, e eu tive que falar. Não tinha como inventar, mais cedo ou mais tarde eu teria que contar a ele sobre isso. Eu escolhi contar agora.
-Você vai querer me matar, me estrangular, sei lá...
-Nunca, Malu! Mas o que aconteceu? Ficou com outro cara, está namorando? Apenas me diga...
-Felipe, você não é o único.
Eu hesitei e ele demonstrou não entender.
-Eu te amo muito, muito mesmo, quando penso em você eu me desligo, me sinto melhor. Mas eu conheci um outro cara, se chama Guilherme e... eu também estou apaixonada por ele. Eu não sei o que fazer! Você vai me odiar, eu sou a pessoa mais detestável do mundo, sou nojenta, um monstro!
Ele ficou paralisado. Via apenas tristeza e rancor em seus olhos. Eu chorava, soluçava. 
-Eu não posso dizer nada pra você, Maria Luísa... – ele disse.
-Quer que eu vá embora? Sem problemas, eu vou, você não merece sofrer desse jeito, eu não te mereço. Você é bom demais pra mim. – eu ia levantando, mas ele me puxou.
-Não, não quero que vá...
-Eu sei que você está me odiando agora, vejo isso em seus olhos.
-Não te odeio, Malu. Só que a tristeza agora é maior...
Eu continuei chorando. 
-Para de chorar. Você não tem culpa de ter conhecido ele e...
-Mas tenho culpa de ter me apaixonado por ele! – o interrompi. – Você não entende, Felipe? Não quero ser um monstro e te fazer sofrer, mais do que já faço. Sabe, as vezes acho que devo me matar, acabar com tudo isso! Não quero mais sofrer e fazer os outros sofrerem. Eu já disse, você é bom demais pra mim. Você faz as coisas certas, e eu não. Eu não sirvo pra você. Você merece alguém que não seja um monstro, que não seja alguém como eu.
-Não fale assim.
-Eu falo Felipe, eu falo porque é a verdade. E eu já to indo embora, não quero gastar seu precioso tempo. Digo e repito: você é bom demais pra mim. Não vou te fazer sofrer. Eu amo você demais, você não tem noção. Mas o resto de amor que há em meu coração, pertence a outro. Ninguém nunca vai querer alguém pela metade.
Eu vi ele chorando. Ele estava sofrendo, mas não mais que eu. Ele com certeza não estava se sentindo a pior pessoa do mundo, pois ele não ama outra, assim como eu. Eu levantei, e fui até a porta. Ele me seguiu, e me puxou pela cintura:
-Eu estarei sempre aqui. Saiba disso, tá? – ele disse, e uma lágrima caiu. Eu a sequei. 
-Não chore. Não por mim.
-Não tem jeito, eu vou chorar até que te esqueça, o que será muito difícil. – disse ele.
-Você não merece sofrer por mim, Felipe.
-Me beija. Não diga nada.
-Não Felipe, não vamos podemos sofrer por algo desse tipo e... – ele me abraçou e me beijou como ninguém. Eu estava com saudades daquele beijo.
Porque eu sempre tenho que machucar as pessoas? Eu mereço pena de morte.
Ele me beijou demorada e delicadamente. Eu correspondi.
Ele parou, e me perguntou:
-Quem é o outro?
-O nome dele é Guilherme. O conheci no primeiro dia de aula, e mora aqui perto, na minha rua. Em alguns aspectos, você é bem melhor que ele. Acredite.
-Em que aspectos?
-Ai Felipe, nem sei como te dizer isso. Ele é drogado. Vive com cigarros e garrafas. Mas eu o amo, vou fazer o que?
Felipe ficou sem graça.
Mas saiba que eu te amo igual. Eu juro, não sei como aconteceu. Se fosse tão anormal, impossível e não machucasse as pessoas, eu ficaria com os dois.
Ele não respondia, e isso me deixava nervosa.
-É algo inacreditável. Ao ouvir o nome de vocês dois eu me sinto diferente, me sinto melhor, mais leve. Eu amo vocês dois incondicionalmente. Você é certo e não é envolvido com nada, você entende. Mas esse menino, o Guilherme, você não tem noção. Ele é revoltado. Quando eu contar que amo você também... Eu não quero nem pensar nisso. 
Eu chorava mais, e mais, e mais.
-Eu não posso fazer nada por você?
-Apenas não fique mal!
-Mas isso está me matando por dentro, Malu. Eu sei que você não quer me machucar, mas isso é automático!
Eu apenas o abracei.
-Mas mesmo assim, estou indo. Preciso pensar. 
Ele me deu um selinho e foi abrir a porta pra mim. Eu fui pra calçada e dei um sorriso torto forçado e fui, enxugando minhas lágrimas.
Cheguei em casa, e passei quase a tarde toda chorando e com uma dor sem tamanho. A campainha tocou e eu desci para atender. Tentei enxugar minhas lágrimas, mas elas insistiam em cair.
Abri a porta, e era Guilherme.
-Oi gata.
-Oi Gui.
Não queria que ele reparasse que eu estava chorando. Seria de novo um sofrimento. Mas em vão: ele percebeu que eu estava vermelha e meu rosto estava molhado.
-Porque tá chorando?
-Guilherme, eu preciso te contar uma coisa. E não quero reações precipitadas.
-Deixa eu te dar um beijo primeiro, tôo com saudades... – eu não resisti e o beijei. Era impressionante o modo como Guilherme me ganhava tão rápido. Eu não sei o que ele tinha naqueles olhos castanhos...
-Tá tá, agora chega. – eu tinha que falar.
-Ok, agora fala. 

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